
O filme é baseado no livro de John Steinbeck. Particularmente, sou profundo admirador deste notável escritor, mesmo que só tenha lido um livro (Ratos e Homens). Isto já foi o bastante para perceber que Steinbeck também é um gênio, do mesmo jeito que Ford. Ele sabia retratar os conflitos dos seres humanos. Conflitos, à principio, locais mas que, após um exame mais detalhado, representavam temas muito mais abrangentes, universais.
Vinhas da Ira é assim, conta a história da família Joad que é obrigada, por companhias latifundiárias, a sair de sua terra natal e de sua propriedade para tentar uma viver melhor na Califórnia, onde emprego não falta. Durante a viagem e no destino final, a família irá descobrir até que ponto o ser humano pode chegar para se manter vivo.
As Vinhas da Ira me fez lembrar de Vidas Secas, livro escrito por Graciliano Ramos, sobre a seca no nordeste. Assim como no livro nacional, uma família é obrigada a viver como retirantes e, em várias ocasiões, são tratados como animais, privados de humanidade e sendo maltratados por outras pessoas, numa jornada sem fim de degradação e humilhação.
O livro de Steinbeck e o filme de Ford, infelizmente (como Vidas Secas), são tão atuais. Retratam uma realidade triste e presente. Servem como alerta. Não se pode ficar indiferente perante a história. Depois de ver Vinhas da Ira, você vai querer se modificar e repensar sua verdadeira função como ser humano no mundo. Se o filme (ou o livro) despertar isso, então, ele será também um clássico para você!